segunda-feira, 18 de maio de 2009

Chatô - Imprensa e Televisão

Chatô, criou e dirigiu a maior cadeia de imprensa do Brasil, foi o pioneiro na transmissão de televisão brasileira. Formado em Direito, foi jornalista, empreendedor, mecenas e político brasileiro. Seu nome completo era Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, nasceu no dia 4 de outubro de 1892 na cidade de Umbuzeiro, Paraíba.
Chatô, apesar de ter sido um homem visionário e empreendedor, colecionou muitos inimigos durante a vida. Sua estratégia empresarial, pouco ética, era baseada em interesses econômicos, para isso mentia e chantageava descaradamente. Uma frase celebre retrata com nitidez o caráter de Chatô: "Se a lei é contra mim, vamos ter que mudar a lei".
Representante da burguesia emergente de sua época, Chatô foi um dos homens mais influentes do Brasil durante as décadas de 40 e 50. Apoiou o movimento revolucionário de 1930 que levou Getúlio Vargas ao poder e depois negociou muitos empréstimos, que nunca pagou.
Politicamente incorreto, foi eleito duas vezes Senador da República. Defensor do capital estrangeiro e pró-imperialista, se colocou contra a criação da Petrobrás.
Chateaubriand foi o criador do "Diários Associados", uma cadeia de imprensa brasileira, composta de 34 jornais, uma agencia de notícias, 36 emissoras de rádio, 18 estações de televisão, a revista semanal 'O Cruzeiro', a revista mensal 'A cigarra', uma editora e várias revistas infantis.
Em 1941, promoveu a Campanha Nacional de Aviação, com o lema "Dêem asas ao Brasil". Mais um pioneirismo de Chateaubriand, que tinha por objetivo levantar fundos para o progresso da aviação brasileira, através de subscrição pública.
Em 1950, Chatô criou a TV Tupi, consolidando o império das telecomunicações.
A título de curiosidade e ilustrando o caráter de Chateaubriand, em 1949 ao inaugurar a primeira transmissão de tv no Brasil, Chatô convidou vários ilustres brasileiros, no serviço de bufê, pão com mortadela e guaraná foi oferecido para seus convidados, mas para aqueles que não admirassem a iguaria, tinha a opção de pagar uma boa quantia em dinheiro para comer e beber algo mais nobre. Na maior cara de pau alegou que o dinheiro arrecadado com esse serviço seria usado na compra de quadros para o museu de São Paulo.

Chateaubriand eleito em 1954, ocupou a cadeira de Getúlio Vargas na Academia Brasileira de Letras. Era um amante das artes e ajudou muitos artistas, na época desconhecidos: Cândido Portinari, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Di Cavalcante, Graça Aranha, Millôr Fernandes, entre muitos outros.


Em 1960 Chatô passa a dar mais atenção ao rádio e a televisão, mas as dívidas originadas pela aquisição de novas tecnologias importadas afunda o império de Chateaubriand. Nesse mesmo ano sofre uma trombose e fica tetraplégico, sem forças assiste um novo império começar a ser construído. Roberto Marinho entra em cena, é a TV Globo começando a engatinhar. Chatô ainda tentou, em vão, dar uma rasteira em seu rival a quem ele chamava de "cafuzo, crioulo e mameluco", ao convencer o Congresso Nacional a abrir uma CPI para investigar a origem do dinheiro obtido por Roberto Marinho junto ao grupo Time-Life para levantar a rede globo.

O Museu de Artes de São Paulo (MASP), fundado em 1947 por Chateaubriand e sua coleção particular de grandes mestres da pintura, faz parte da herança cultural deixada por Chatô. Mas na verdade, essa coleção foi dada em troca de parte do pagamento das dívidas empresariais, uma negociação realizada pelo Presidente da República Juscelino Kubitschek.
Várias iniciativas culturais, na intenção de mostrar ao grande público a importância de Assis Chateaubriand à cultura brasileira foram realizadas. Em 2004 a TV Globo lançou a mini série "Um só Coração", onde Antonio Calloni viveu o personagem Chatô.
Guilherme Fontes, autor do projeto "Chatô, Rei do Brasil", usou verba da lei de incentivo à cultura para produzir o filme e até hoje nunca deu conta dos 35,9 milhões, dinheiro tirado dos cofres públicos e que a justiça já determinou a devolução. Assis Manhãs Marins, cineastra brasileiro, produziu "Chateaubriand - Cabeça de Paraíba", curta, disponível em free trial pela imdb.

Existe uma vasta literatura sobre Chateaubriand, deixo aqui duas dicas de livros:

* "Chatô - A Verdade como Anedota", de Aberlado Romero
* "Chatô - Rei do Brasil", de Fernando Morais

Assis Chateaubriand - Chatô, Rei do Brasil, Cabeça de Paraíba, com muita esperteza, malícia e chantagem, criou um império na área das telecomunicações e ruiu dando lugar a outro grande império, a TV Globo. Mas não há como negar sua grande contribuição à cultura brasileira.
Assis Chateaubriand morreu em 1968 e foi velado ao lado de um cardeal de Velázquez e um nú de Renoir, símbolos daquilo que mais amou na vida: o poder, a arte e a mulher.

Biografia Wikipédia Assis Chateaubriand
Assis Chateaubriand o Brasileiro do Século - Terra - Isto É

Um comentário:

Arthurius Maximus disse...

Uma vida inebriante com toda certeza.