quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Quem eram os Gregos

Quem eram os gregos? - uma pergunta que pode ser respondida de várias maneiras diferentes, dependendo do contexto e da abordagem.

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Introdução

No século XIX e na primeira metade do século XX, a definição bem poderia ter sido racial. Por exemplo, o tamanho e o formato do crânio podiam ter supostamente levado a uma classificação objetiva do tipo racial grego. Isso poderia, então, ter sido relacionado históricamente, de acordo com as teorias de evolução ou migração, às características físicas de outras “raças” mediterrâneas ou europeias. Atualmente esse meio de classificação é desacreditado.

Outra abordagem supostamente objetiva se dá por meio de grupos linguísticos. Uma das mais úteis teorias filológica já formuladas foi a existência de uma língua indo-europeia original, ancestral comum e definitiva de um ampla família dispersa de línguas historicamente comprovadas, inclusive o grego. Mas antes de uma língua ser comprovada por textos escritos ainda existentes, a evidência do seu uso é necessariamente inferida, e num ambiente pré-histórico, sem textos, a única evidência direta e relevante é a fornecida pela arqueologia. A espada pode ser incapaz de mentir, mas não consegue falar. Os dados mudos da arqueologia precisam se expressar e mais uma vez isso envolve inferência e interpretação.


quem eram os gregos
Uma terceira abordagem para identificação do povo grego seria voltar-se para os aspectos culturais, ou seja, voltar aos textos gregos que sobreviveram e verificar quem os gregos pensavam ser. Mas esse não é um terreno sólido, na verdade, isso é mergulhar num pântano de mitos e lendas, colorido para se adequar às circunstâncias particulares de oradores, escritores, ou do público; muitas vezes com uma visão que propicia algo que o antropólogo Bronislaw Malinowski chamou de “alvará”, que justificaria os atuais arranjos sociais e políticos em função de uma condição ou situação alegadamente autêntica.

Fontes Literárias

Homero (responsável pela compilação e pelo desenvolvimento de antigas tradições orais de dois épicos) e Hesíodo (poeta e didático autor de os ‘Trabalhos e os Dias’ e ‘Teogonia’) são as fontes literárias mais antiga que disposmos e que são fornecedores desses alvarás mitológicos santificadores. A Teogonia de Hesíodo pretende relacionar os gregos a origem do universo. Homero, louvando principalmente os aristocratas gregos, trabalhou com o modelo genealógico para justificar a efetiva distribuição do povo e do poder no mundo grego em que viveu.

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Platão (em, A República), escrevendo numa época em que fora inventado o conceito intelectual de mitologia, comentou astutamente a eterna propensão grega para a criação do mito (mitopoese): “Como não sabemos a verdade sobre os antigos, não seria útil aproximar o máximo possível a falsidade da verdade?

Longe de tentar passar falsidades por verdades aparentes… Dadas as dificuldades de interpretação, será melhor nos limitarmos às relativas poucas certezas (ou pelo menos probabilidades) de que dispomos.

- O Alfabeto Grego

Fonte: Quem eram os Gregos - Livro Grécia Antiga – Coleção História Ilustrada. Uma Obra da Universidade de Cambridge – Editora Ediouro.

Um comentário:

Lugirão disse...

Beth, acho esse tema fascinante... essa semana estava lendo sobre Platão.

Parabéns pela ótima escolha.

Beijos.